sexta-feira, 9 de maio de 2008

Neblina



Assim chegarás na neblina

Cansado e só

Sem referências

E apenas curvado pelo veneno que bebeste.

Abandonado de ti próprio

Dorido de teres dado aos outros

Negando ao teu sangue

Serás um velho só amargurado pelo remorso

Um homem de letra pequena

A quem ficará o estigma do...

Coitado!

Do pai que deu pouco

Podendo dar muito.

Terás como lugar um banco húmido e sombrio

Serás um estranho no coração dos que tantos te amaram

Dos que esperaram…

Esperam em vão

Dos que em noites a fio se preocuparam contigo

Daqueles que até da tua paternidade duvidaram

Com actos tão duros de saber

Com ausências não forçadas

Mas exigidas na embriaguez de cálices de vidro barato

Quando bebias ilusões

Em falsos copos de cristal

Jorrando veneno

Iludindo-te com vinhos exóticos.

Embriagando-te em estupidez

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