segunda-feira, 31 de março de 2008

Semblante




Semblante pérfido

Mãe da vaidade

O belo esfuma-se quando te fixas

Quando estás só.

Queres mais !

Nada te contenta...

A falsa modéstia e a perversidade

Vão afogar-te a alma

Os dias da mentira …

Emergirão como uma pluma

Das plumas com que te mascaras.

Que pena me fazes…

Envolta em sedas e tão indecisa.

Rodeada de tudo e a fome gritando

Estende-te no sofá…

Não estragues o verniz das unhas

Ociosa, mãe dos vícios

Luxúria e vaidade…

Até que um dia

Um dia... O sol desponte.

Te destape as plumas

As plumas com que te disfarças

E surja a alma de abutre.

domingo, 30 de março de 2008

Cegueira



Nas rugas marcadas pelo tempo, a idade.

Na mente apenas o saber se o tiveste…

É pobre, muito pobre.

Quem se convenceu que sabe.

É só!

Aquele que pensa que está certo.

É errante aquele que foge sem caminho.

O tempo passa homem…

O tempo é exacto.

No efémero viver…

Ficará o que escreveste, bem ou mal.

Ficará o sorriso da tua semente no recordar.

O homem… seu pai!

Dos amigos, tantos que tiveste…

Nenhum te abraçará

Quando teu corpo estiver cheirando a morte.

Mas o pior de tudo…

O pior…

É ser-se cego nesta vida

E cego eternamente.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Filhos



Do amor mais sagrado sinto soltar amarras

De tudo o que dei…

Nada me é reconhecido.

Como algozes vão destruindo o que de mim resta

A tua semente mastiga-me a alma

Mastiga e cospe tanto amor.

Tanta dedicação

Será que não notas?

Será que não te revês?

Será que não consegues ser testemunha presente?

Será que não vendo, não crendo...

A omissão é a melhor desculpa.

Cegaste?

Estás cego?

Como te será cobrado o abandono.

Como será futuramente?

Como te desculparás…

Pela distância?

Por momentos cedidos a outrem?

Por ausência entendida e aceite?

Pelo pão que colocaste na nossa mesa?

Só pão?

Quando te disserem...

Ele deu a outros o que era para nós.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Verdades ?


Não mostres ….

A máscara que vais quebrando no passar dos tempos

Estou cansada.

Sozinha e perdida.

De que cor são os teus olhos?

Sempre os vi azuis

Transparentes como um lago cristalino.

Que estás a fazer?

A matar o tempo do pouco que me resta

A acumular o fardo pesado

O fardo que não consigo suportar.

Sinto-me fraca

Sinto-me fustigada

Atiraste-me para a tempestade

Nunca imaginei

Que cruelmente, friamente…

Me desses a mão e a soltasses

No preciso momento…

Em que sinto a vida passar como sorvida em instantes

Instantes em que me prometeste

POR QUANTO ESTEJAMOS JUNTOS.




Submissão



A quanta submissão me irás sujeitar

A quanta?

Anos seguidos de cabeça baixa

Meses e horas passadas em dependência

Calada e submissa sem sequer…

Ter um querer

Sem ter um gostar

Sem ter um sonho

Sem poder voar

Mente amarrada sempre contestada

Pés e mãos com grilhetas.

Foi tão fugaz…

Foi tão inesperado…

Que nem me apercebi!

Sem querer…virei-me de costas

Confiante e leal

E tu predador

Imediatamente me atacaste pelas costas.

terça-feira, 25 de março de 2008

Sou pedra




Mantenho-me em silêncio

Em pedra feita

Calada sem saber.

Vai-me corroendo a erosão da vida

Em silêncios de pedra

Em momentos que jamais perdoarei

Nunca me peças que esqueça

Nunca me peças que apague

Na memória do tempo…

Ficará a marca que com o cinzel e em pedra talhaste.

O mundo nunca te condenará

Mas a tua alma …

Ah! A tua alma.

Andará eternamente atrás da minha

Observando …

Sem jamais ter descanso.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Meu pai!




Foi assim meu pai que me deixaste

Arrumado e seguro

Mas eu precisei de teus braços

Eu ansiei por teus afectos e afagos

E sempre calado …

Nunca falei nem comentei

Mas ELA sentiu.

O que era para mim tu deste

O que por direito precisei,

A outros concedeste

O que me fez tanta falta esbanjaste

As atenções e carinhos

Os momentos de um pai para seu filho

Em compreensões e desabafos

Em companhia

Em dedicação

Era tão garotinho…

Meu pai nunca imaginarás a falta que me fizeste.

O quanto me senti só, sem pai, mesmo sabendo que existias

Mas aqui me deixaste

Arrumado e seguro

E sentiste-te bem.

sábado, 22 de março de 2008

Mãos



Sinto-me desistir…

Sinto que estendi todas as mãos que tinha.

E que para me amparar…

Apenas o silêncio por companhia

O fim de todos os caminhos percorridos.

Inventei mil mãos para te acenar.

Mil mãos para te ajudar

Agarrei-me sem força a tudo que me prendesse

Minhas mãos nunca encontraram apoio.

Nunca encontrarão...

Apenas uma das tuas mãos!

quarta-feira, 19 de março de 2008

Levanta-me!



Como me levantarei

Se a força se esvai e o lamento não chega.

Como conseguirei?

Se as mãos que se estendem, são invisíveis

E apenas me surgem costas voltadas sem rosto.

Como me levantarei…

Se num sopro de vida.

Me empurras e esmagas?

Como me levantarei

Em labirinto escorregadio de brumas e noite ?

Como me ergo se o chão onde piso é sem fundo e vazio.

terça-feira, 18 de março de 2008

Noite



Assim me tens

Noite perdida

Cansaço acumulado

Corpo gasto

Mente vazia

Assim me tens

Porque te chamo…

Porque me ouves quando queres…

Porque te calas quando preciso.

Assim me tens.

Olhos abertos e vazios…

Assim me tens na noite imensa que não passa.

Cambaleando nos cantos

Tocando as paredes frias.

Perdendo a vida.

Maldição



Se morrer sem reunir os pedaços do meu coração

Hei-de andar sem a paz da morte

Amaldiçoando

Praguejando

Fazendo mal a quem os despedaçou

Hei-de assombrar-lhes a vida

A própria…

E das suas heranças carnais.

Hei-de os ver mendigando tudo…

Pedindo afagos e aconchegos

Pedindo amor e afeição

Implorando um copo de água na sede imensa

Um amparo na doença

Uma esmola de compreensão.

Não lhes darei paz.

Tirarei todos os bens da minha alma

Atormentarei suas noites

Farei seus filhos chorarem

Seus momentos de dor serem eternos

Caindo em escolhos

Comendo dor e desprezo

Farei minha alma pesar-lhes nos ombros

Como uma corrente de amarras pesada e insuportável.

Se não reunir os pedaços do meu coração

Viverei eternamente fazendo

Porque não?...

O que a mim me fizeram

Enquanto vivi.

sábado, 15 de março de 2008

Foi por ti



Foi por ti

Ouvi-te hoje quando falámos.

Foi por ti!

De tudo o que me disseste, o melhor.

De tudo o que me deste o principal.

O que precisava de ouvir.

O arrancar-me desta prisão

O abrir a porta …

A mão estendida para que meu espírito se eleve

A atenção ao meu cansaço

A consideração que esperei

A força para me soltar

O horizonte como limite

O fim do esgotamento

De me sentir faminta de tranquilidade

Ávida de água, da água do reconhecimento

O poder percorrer mesmo que descalça

O fim do meu caminho em paz

Obrigada por o teres feito por mim

Por te ter ouvido

Apenas…

Foi por ti!

sexta-feira, 14 de março de 2008

Filha



Filha

Com que anseio te esperei

Como fui feliz em ti

Que força de vida me deste

Filha minha filha.

Tão esperada e tão amada

Em amor sublime concebida

Em tanto amor criada

Em braços de ternura embalada

Nas noites de vigília ao teu lado

Filha, minha filha !

Que fazes neste momento

No abandono e desalento

Nos caminhos que não são rumo

Nas horas que perdes

Nos desgostos que me consomes

Na esperança que se desvaneceu

Minha filha

Porque te perdi?


quarta-feira, 12 de março de 2008

Meu raio de luz



Meu raio de luz.

Minha pequenina.

Os homens nunca entenderão.

Serei ridícula em confessar, em pensar em ti.

Mas um ano passou.

E no momento…

Como sei que foste minha.

Como sinto o que me deste.

Como tudo ficou tão vazio.

Como recordo…

Teus olhos sempre fixos em mim.

Teu olhar preocupado

Tua companhia tão presente.

O pensar em sintonia

A confissão.

A paz da noite vazia.

O medo.

Tu ao meu lado.

Sempre dando o que sabias.

Obrigada por tão curta companhia

Obrigada por me fazeres tua.

Obrigada por teres estado na minha vida.

.

Caminhando



Vou caminhando

Vencendo caminhos de areia

Caminhos de poeira

Tantos caminhos sem fim.

Um dia quando puder…

Quero sentar-me em paz.

Respirar ar puro

Ver o sol desaparecer nas dunas.

Não saber de nada nem de ninguém

Pensar que finalmente existo

Que existi sempre andando

Andando caminhos infinitos

terça-feira, 11 de março de 2008

Nem a...



Nem o bater forte na forja me modificará.

Não deixarei passar momentos

Não modificarei pensamentos

Não encontrarei caminhos novos

Nem sequer alternativas

O meu sentir é sereno

Quando serena a tua mão descansar

Suave e segura em meus cabelos

Porque foi assim que me ensinaste...

Foi assim que me habituaste.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Será assim !



Será assim!

Quando tudo terminar

Quando a minha alma partir

Será assim!

Esbelta e em harmonia

Envolta em linhos e em doces perfumes

Como sinto que em espírito serei

Voarei sem pesos

Descansarei flutuando perfeita e leve

Será assim que te direi adeus

Sem lágrimas nem perguntas

Com um sorriso lindo e descansado

Será assim como imaginei

Tenho a certeza que será assim

Será assim!

domingo, 9 de março de 2008

Dia 10 de Março de 2008



Hoje é dia 10 de Março de 2008

Apenas dia dez.

De tantos anos de tantas horas…

Dia dez de trinta anos…

Pensei que me trazias flores

Pensei que sorrias

Apenas um sorriso, apenas isso pedia.

Lá fora sozinho e com frio…

Um passarinho no dia dez.

Tão só e com tanto frio como eu.

Em silencio como eu.


(Silencio quando el llanto se agota, y agota al que llora)


Braços



Até quando mil braços

Até quando mil caminhos

Mil versões

Mil conclusões

Até quando deitarei a mão a tudo

Até quando me pedirás que resolva

Até quando me exigirão o impossível.

Até quando sempre só,

Até quando …

quarta-feira, 5 de março de 2008

Segura as minhas mãos




Segura as minhas mãos.

Elas não estarão sempre disponíveis

Dá-me as tuas…

Como no tempo em que nos amparávamos.

Tem sido tão turbulento

Tão turbulento desde que se soltaram.

Agarra-as com força!

Prende-as nas horas que te parecem impossíveis

De mãos dadas…

Venceremos tudo.

terça-feira, 4 de março de 2008

Tudo tem um tempo



Tudo tem um tempo.

Tudo se esgotará em horas, em dias em anos.

A venda que me deforma as imagens

A tua omissão e o adiar.

As promessas em vão.

A ingratidão e egoísmo

O tempo que esperei.

O tempo que me cansará

A tua imagem que se dissipa

A falta que me deixarás de fazer

O desenvencilhar-me do aperto que me consome.

Mas sei que se deixar morrer…

.

sábado, 1 de março de 2008

Horas



Passam as horas, batendo como um chicote

Nos dias enormes nas noites sem sono

Vi-me sem querer …

Sem querer, exposta ao tempo que me açoita

Os objectivos perdidos em áridos dias de marasmo

Que faço?

Porque perco momentos?

Porque perco a vida que se vai tão depressa.

Abre-me a janela para que possa voar