segunda-feira, 30 de junho de 2008

Elegante e criminosa


Elegante…

A cadeira onde te sentaste.

O lazer e a comodidade

O nada fazer…

O absentismo moral em troca de…

Quem sabe?

Só tu!

A tua ausência permanente

Mas elegante e criminosa

Subtil e em rosto de anjo disfarçada.

É tão fácil assim!

Outros poisos, outras prioridades, outros caminhos.

Tranquilamente sentado de livro na mão

Apenas lendo

Lendo e relendo.

Mas vazio o sentido.

Dando fruto em outras árvores

Podando e adubando outros pomares.

Os teus frutos esquecidos

Caídos no chão

Perdidos na vida

Porém a cadeira…

domingo, 29 de junho de 2008

Amiga




Amiga…

Que me ouves vezes sem conta

Que choras comigo.

Que te preocupas.

No toque do telefone és tu que chamas.

Que longe, estás sempre tão perto.

Que te peço promessas…

E sorris.

Na perda, és tu a compensação

O entendimento

A irmã e mãe.

O regaço onde descanso.

O sono pleno

A tranquilidade que me dás…

Minha amiga sem omissões

Sem medos

Sem escuridão.

Meninas na alegria.

O luto escondido na dor.

Minha amiga

Tão só e nunca estamos sós!

Minha amiga

Não me deixes.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Pérolas



Dizem que pérolas são lágrimas…

Velho e antigo ditado do povo.

Meus olhos deitaram fora mil pérolas de valor único.

Se alguém as recolhesse, ficaria rico.

Pérolas puras de valor incalculável.

Pérolas em lágrimas, vertidas nas noites de abandono.

Nas noites em que eu me desvelava em amor...

E tu …

Tu, esquecias-te de todos embriagado na noite.

Embriagado de liberdade.

Embriagado de sons.

Qual homem sem família, sem preocupações!

Na cabeceira da vida,

Zelava!

Deitava-me esgotada assistindo de longe aos caminhos perigosos.

Sentindo, rasgarem-me a alma.

Enquanto meus filhos e tu não estivessem bem.

Nunca descansei!

No limite da vida…

Nos momentos piores, cuidando teu irmão!

Fazendo de teu filho um homem.

Morrendo de medo por caminhos percorridos por tua filha.

Tens o céu longe de nós!.

Um céu tenebroso!

Perigoso!

Onde te envolveste.

Perdendo a pureza que sempre quiseste para todos.

As pérolas adornam-me o caminho

São milhares bordando o trilho

Brilhantes e lindas!

Deus colocou-as em mil canteiros por onde passo.

Em flores de mil feitios

O que terás quando um dia…

Quando em vez de dares tão pouco…

Precisares de receber muito?

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Que bom!



Deixa-me estar como quero.

Em paz e passar o tempo sem saber

Nem datas

Nem horas

Nem minutos

Assim…

Olhando o vazio

Sem rumo

Sem nada

Apenas assim!

Esperando ninguém

Sem esperanças!

Caída em suspiros

Vivendo

Como pluma levada pelo ar.

Vivendo...

Porque meu coração não para.

Cobra



Conta o tempo…

Conta!

Mulher cobra!

Dos momentos que tiraste!

Das atenções desviadas!

Da minha filha esquecida!

Do meu filho afastado!

Do silêncio e da mentira!

Do uso que te apoderaste!

Dos benefícios sem fim.

Da família desmembrada!

Da fuga ao ninho.

Das falsidades e uso!

Conta bem o teu tempo…

Tempo chegará, que em miséria cairás...

E dos momentos que causaste

Em farrapos te transformarás!

Sofrimentos e dores a ti chamarás.

E nos ovos que puseste ….

Bem pior acontecerá!

Vida agreste reputarão!

Em desgraça cairão!

Porque a luxúria, a perversidade!

Não duvides...

Nesta terra, pagarás!

terça-feira, 24 de junho de 2008

Jogo



Vamos jogar!

Vamos ver quem tem trunfos!

No caminhar de uma vida jogaste sempre.

Jogaste com o que tinhas à mão.

Da minha cabeça, uma bola de golfe em tacadas contínuas.

Mas de quem será a ultima carta?

No baralho velho e desfeito de uma vida fui paciente e submissa.

Tu …….

Jogaste!

Jogas!

Jogas com o que podes!

Com sentimentos

Com amizades

Com a mais nobre de todas as virtudes!

O amor!

Joga!

Continua a jogar.

Porque na aprendizagem de jogos

Tiveste a melhor aluna.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O teu olhar...




O teu olhar onde me banhei em azul de mar.

Onde a paz me enchia de força e ondas de ternura.

O teu olhar cegou!

Cegou de verdade e fechou as janelas da alma.

Não vê!

Não sente!

Está estático.

Dele apenas ficará a pureza

A doçura nas noites de amor e de escuridão.

Do azul….

Ficou negro!

Opaco e sem expressão.

Eles eram bem as janelas onde respirei.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Filha ouve o meu grito!



Esperei-te em ânsias.

Em amor concebida

As estrelas rejubilaram comigo em harmonias únicas

Esperei por ti…

Desde que me conceberam a mim

Sabia que existias em qualquer lado

Que te teria em mim.

Mesmo na alma feita em farrapos

Jamais descansei sem no último momento

Sem no fechar dos olhos, em sono incontido

A minha oração não fosse por ti.

Minha filha tão amada

Meu anjo de luz

Que na estrada da vida…

Abri espaços, cortei espinhos

Para que nela caminhasses sem escolhos.

Porque me condenas?

Porque te escondes?

Onde andas minha candeia sem luz.

Porque fugiste de mim?

Se eu prenhe de ti te trago ainda!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Mata-me

Si es que me quieres matar,
no esperes a que me duerma,
pues no podré despertar...

Mátame al amanecer,
o de noche, si tú quieres;
pero que te pueda ver
la mano;
pero que te pueda ver
las uñas;
pero que te pueda ver
los ojos,
pero que te pueda ver.


Nicolás Guillén

(post O'Sangi)
http://planoalto.blogspot.com/2008_05_01_archive.html

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Enquanto não chegas



Enquanto não chegas, meu espírito está tranquilo

Mas inquieta-se com a tua proximidade

Tenho medo!

Muito medo!

Faço de ti uma recordação de homem bom.

Apenas aquela, que quero construir e que me acompanha.

Mas tu vais chegar…

E o aproximar do dia…

Assusto-me!

Atemorizo-me!

Perco o sono!

Fico aflita!

Tenho medo!

Tanto, tanto medo!

Criei-te num imaginário que não corresponde ao ser que és.

Quero apenas pensar e manter no meu ego

O que idealizei e que mataste.

Vivo nesse mundo de ilusão

E nele quero permanecer

Não chegues!

Por favor não chegues para me fazer mal.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Penumbra



Transpiro saudade pelos ossos

A face pálida, por vezes rubra

Denuncia a penumbra

E o sofrimento nos meus olhos

Por que não cala-te

E adormece nesse peito?

Ó! Espectro de luz...

Carrasco do meu silêncio

Leva! Afasta de mim

Os vestígios dessa lembrança

De quem chora pela ausência

E teme pela distância

Porque minha alma

Não suporta tanta angústia

Aos teus ouvidos é música

E aqui nesse claustro

Prisioneira de mim mesmo

Me desfaço com o medo

Enlouqueço... Adormeço...

Por que tu és fogo que não arde

És paisagem fria e morta

És saudade que me invade

Destrói... Devora...

Não lembro quantos sorrisos

Cabiam em meu rosto

Tanto ardor! E quanto desejo!

Mas tu levaste todos...

Se Deus soubesse

Da minha existência

Não iria permitir

Tuas ofensas...

Por que me torturas

E não me condena?

Por que não me abandona

E me deixa morrer de tristeza?

Meu corpo é meu templo

É o resto em ruínas

É esquife do espírito

Que renuncia à vida...

Tu és a voz profana

Que ecoa em meus ouvidos

É a noite, é meu drama

Meu ritual de suicídi0

Transpiro saudade pelos ossos

A face pálida, por vezes rubra

Denuncia a penumbra

E o sofrimento nos meus olhos...



(Rodrigo Q.)

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Tantos cigarros...



Cigarro atrás de cigarro,

Com a tua imagem feita em fumo.

Que se desvanece dia a dia.

Vai sendo fumo apenas.

Eu…

Queimada por dentro.

Sofrida na alma e no corpo.

Esvaída em cansaços que eram também teus.

Tenho esperado por ti

Pensando que ficarias descansado sem mim.

Mas sinto-te exausto!

Cansado na mesma…

Perdido na vida

Pensando quimeras

Andando à deriva.

É essa a liberdade ansiada?

A falta de tudo, o não ter nada?

Vive!

Vive apenas!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Uivo



Assim me levanto em uivo incontido

Em força inumana.

O grito de dentro

A dor espalhada

Em vales e ventos.

Titã de espíritos dormindo na alma

A raiva esmagada em silêncios perpétuos.

Levanto-me vezes sem conta

Uivando como animal ferido,em ânsias de morte.

Mas ergo-me em apoios inexplicáveis

Vindos de mundos desconhecidos

O som ecoa em mim, apenas em mim!

Como um rebentar de universos

Como o estalar da tempestade em dia de sol.

Não cairei!

O uivo é único

A força não cai.

Após a vida…

Ele ecoará em noites de paz

Em momentos que preparo

Para que o coração dos que amei

Se lembrem de mim.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Afastar




Quero afastar-me num dia frio

Sair sem que ninguém note.

Caminhar num túnel repleto de flores e folhas.

Andar lentamente para que nem o chão sinta o meu pisar.

Como apoio o nevoeiro da madrugada

Ouvir uma melodia sublime composta pelos meus sentidos.

Esquecer-me que parto

Que nada fica

Que em passos lentos e sem pressas descansarei

Assombração



Não chegues.

Vai-te embora e não atormentes os meus.

Aqueles que escolhi para amar a vida inteira

Vai.

Vai-te embora e não deixes marcas.

É tanta a minha fé que nunca conseguirás

Sinto o teu cheiro fétido rondar

Andar perto daquele que tão meu amigo foi a vida toda.

Afasta-te dele.

Lutarei com todas as armas contra ti

Não deixarei que o leves.

Não me assustas.

Não conseguirás.

Em mim está a esperança

E a força de te renegar.

Afasta-te morte maldita

Afasta-te daquele que não é meu sangue

Mas que o sangue dele me corre nas veias

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Assim?



Querias-me assim?

Assim desesperada e louca?

Destruída e convulsivamente em agonia

Mas não chegarei lá

Não conseguirás.

A minha força renova-se

O meu espírito quase que rasteja mas levanta-se

O meu ego fortalece-se com o tempo

Meu melhor amigo

O tempo…

Que não se move a rogos

Austero

Desapiedado

E tão cruel.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Finalmente




Soy el tigre.
Te acecho entre las hojas
anchas como lingotes
de mineral mojado.
El río blanco crece
bajo la niebla. Llegas.
Desnuda te sumerges.
Espero.
Entoces en un salto
de fuego, sangre, dientes,
de un zarpazo derribo
tu pecho, tus caderas.
Bebo tu sangre, rompo
tus miembros uno a uno.
Y me quedo velando
por años en la selva
tus huesos, tu ceniza,
inmóvil, lejos
del ódio y de la cólera,
desarmado en tu muerte,
cruzado por las lianas,
inmóvil en la lluvia,
centinela implacable
de mi amor asesino.

(Pablo Neruda)

Destapa-me



Destapa-me deste cárcere onde me encontro

Ajuda-me a sair deste emparedamento de espírito

Falta-me forças.

Ás vezes consigo respirar quando me dizes

Consegues!

Diz-me vezes sem conta

Todos os dias

Fecha os olhos e sente o que me atormenta

A minha alma está esvaída em sofrimentos

Em momentos que me levam tão fundo

Sem ninguém

Sem apoio

Apenas te tinha a ti

Onde repousar?

Onde deitar minha cabeça e esquecer?

Esquecer que me custa tanto

O que talvez…

O que nada!

O que nada custa aos outros.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Não choro, canto!



Não choro, canto ao vento

Ao vento que levará para longe os meus lamentos

Canto em choro

Mas sei que acabará

Sei que o choro se tornará melodia dos anjos

Sei que tudo passará

Que me revigorarei de forças e de ânimos

Sei que a dor não perdura

Que os desaires também terminam

Sei que sem me aperceber

Tenho tanto amor ao meu redor

Que o céu brilha e um dia começou

Que apenas …

Apenas e em silêncio!

Apenas, sofri muito.