quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Grávida de ti




Repara no teu pulso.

Na mão que forte assume.

Estou prenha de ti.

Preciso de te parir e sorrir.

Soltar grilhetas e voar.

Correr campos sem fim e sentir ar.

Solta-me.

Desventra-me da tua imagem

Dos anos que me trazes assim.

Dá-me a luz da liberdade

Por tudo, alivia o fardo que pões em mim.

Corredor da morte




Por mais que te justifiques

Por mais que me queiras convencer

Por todos os argumentos…

Não mudas o meu espírito nem o meu sentir

É um corredor da morte.

Sem grades, sem portas fechadas, nem guardas.

Tu sabes…

Tu avalias a minha capacidade de suportar.

Mas há um limite…

Não se leva apenas à morte em guilhotinas ou cadeiras eléctricas.

Não se mata apenas com métodos instituídos.

Também se mata

Por deixar morrer.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Não me mates por favor !




Se me conheces…

Se me amaste…

Se tantas vezes me disseste que me querias feliz.

Porque me estrangulas agora?

Porque me manténs cativa com as chaves da cela na mão?

Porque me deixas dias imensos e noites sem fim.

Se me amaste…

Tanta palavra dita e incumprida.

Agora!

Apenas agora.

Já são anos…

São tantos dias que por amor me vais matando

sábado, 26 de janeiro de 2008

Único




Este foi o momento único
O momento mágico
O mais sublime da minha vida.
O ejacular de vida em mim.
Meu filho!
Meu rei!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Mundo





Divido-me num mundo de tanta dúvida
Um mundo que não concebi
Que julguei nunca enfrentar.
A liberdade em todas as vertentes
Foi sempre o meu indicador.
Deito-me prisioneira e acordo com grilhetas.
Sei andar, mas prenderam-me os pés.
Os seres que me rodeiam não atingem
Esperar que me entendam é impensável.
Perdi anos, perdi horas, perdi a minha vida esperando.
Esperando o impossível
Esperando a verdade
Esperando a concretização.
Esperando apenas um sorriso daqueles que tanto amei.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Não aguento !





Quanto desespero!
Chega o entardecer e sinto-me morrer.
Passeio em espaço pequeno como se minhas pernas
Não tivessem força para ir mais longe.
Levanto-me para quê?
Porque me levanto se não caminho?
Será que só o corpo se deforma e toma características de deficiente?
Não estará a minha capacidade mental a deformar-se...
Como me deixei manipular?
Como conseguiram em nome do amor
Em nome da obrigação...
Esperar a morte neste limbo?

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Silêncio



A noite chega em silêncio
Em silêncio e noite esteve durante o dia a minha alma.
Ninguém chega!
A casa faz-se ainda mais gelada, tão só!
Apenas me basta o rasgar da folha do calendário
Passou mais um dia.
Um dia... quando os dias poderão ser curtos para viver.
Choro! Claro que choro !
Como não hei-de chorar ?

sábado, 19 de janeiro de 2008

Na noite




Na noite…

Nesta noite infinita de gelos e medos

De cansaços perdidos em caminhos de amargura

Quero que parem os trilhos onde me perco, onde me escondo apavorada.

Noite infinita sem que a madrugada chegue…

Não era na noite que gostaria de estar…

Não é na escuridão em que me guardam

Em que me prendem e que permaneço…

Ah!

Como tenho direito a dias de sol

A caminhos sem poeiras

A flores a bordearem-me a caminhada da vida.

Quando?

Quando nascerei de novo?

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

O primeiro degrau


Não chegaste a lado nenhum.
Percorreste durante tanto tempo caminhos de amor, de paz e felicidade.
Sempre, sempre repousando em sombra cálida.
De mim partiu o barco.
De mim ragaram-se horizontes.
Em mim começou a escalada.
Esgotaste-me em escadarias de egoísmo.
Estou cansada.
Estou faminta de paz e de carinho.
Vivo só, envolta no teu autismo comodista.
No teu silêncio!
Na tua mentira!
Magoada!
Ferida!
Tanto tempo...
E nunca!
Nunca puseste o pé
No primeiro degrau da escada.